Por que a corrente da bicicleta precisa ser trocada?
O leigo pode pensar que uma peça tão forte não precisa ser trocada nunca, ou somente no dia que ela arrebentar. Os prejuízos desse equívoco podem ser enormes.
Por Breno Bizinoto
A bicicleta é um equipamento sensível, onde cada componente tem uma função primordial. Qualquer peça que parar de funcionar vai te mandar um alerta imediato que vai atrapalhar a sua pilotagem imediatamente.
Acontece que, antes de parar de funcionar, algumas peças pedem por manutenção, que muitas vezes é um pedido silencioso e invisível.
É o caso da corrente que pede para ser trocada de tempos em tempos. Ela não vai fazer barulho e nem vai ficar desregulada quando chegar o momento da troca. Na verdade, se aparecerem problemas no funcionamento da corrente é por que você está MUITO atrasado e já deveria ter feito várias trocas antes destes problemas terem aparecido.
Como eles apareceram, agora não basta mais trocar a corrente: é possível que precise trocar também as coroas, cassete e até polias do câmbio. Isso custa bem mais caro do que ter trocado a corrente alguns meses antes.
Uma corrente que entra em nível crítico de desgaste vai envelhecer prematuramente essas outras peças que ficam em contato com ela. Vale muito mais a pena trocar só a corrente, para evitar este problema.
E aí vem a grande pergunta: quantos quilômetros dura uma corrente?
Sinto te dizer, mas não é assim tão simples como nos manuais de carro que geralmente dizem “10 mil quilômetros ou 6 meses, o que chegar primeiro”.
Não é tão simples por que, a corrente está sujeita a muitas variáveis. Quanto pesa o piloto? Quantos watts ele aplica? Muitas arrancadas ou pedais mais planos e constantes? Tem terra? Tem barro? Chuva? Lubrificou com frequência? Usou o lubrificante correto? Lavagem estava em dia?
Parecem simples detalhes, mas a depender dessas perguntas, uma corrente pode durar 5.000 km ou somente 300 km. Vai depender do quanto ela desgastou.
A notícia boa é que não é difícil descobrir se a corrente atingiu o nível de desgaste em questão. Toda oficina mecânica tem uma ferramenta chamada “medidor de desgaste de corrente”, e o nome já explica pra que ela serve.
Essa pequena peça é inserida dessa forma na corrente e faz uma medição dos tamanhos dos elos da corrente. Se a peça não consegue entrar totalmente nos elos, significa que essa corrente ainda não foi esticada, ou seja, ainda está com a vida útil boa.
Dando um zoom podemos ver como o medidor ainda é maior que a corrente
Nesta segunda imagem, uma outra corrente mais velha que está mais esticada, e permite que o medidor fique mais confortável dentro dos elos, com uma inserção mais profunda.
Este esticamento da corrente na imagem acima é um nível de desgaste que ainda é aceitável, mas já se aproxima do momento da troca.
Não é difícil encontrar correntes em que o medidor entra completamente nos elos e ainda fica folgado lá dentro. Neste caso, já passou da hora de trocar, certamente já tendo causado prejuízos no cassete e coroa(s).
E pra avaliar se o cassete e coroas estão danificados é um pouco mais difícil, pois a ferramenta de aferição de desgaste deles é um pouco mais chatinha de trabalhar. Nesse caso, vale a pena testar se o cassete casou com a nova corrente. Se sim, vida que segue. Se não, prepare seu bolso.
E é claro que os cuidados com a corrente são importantes para fazer ela durar mais: manter o equipamento sempre limpo, tirando sempre as sujeiras e suas abrasividades da relação, sobretudo aquela que fica incrustada nos elos.
Lubrificação correta, que evita o acúmulo de sujeira, mas que cumpra a sua função primária: reduzir o atrito entre as peças metálicas.
Esses pequenos gastos – fazer a troca no tempo certo, ter um medidor de desgaste, usar um bom óleo e fazer a limpeza – são na verdade investimentos para gastarmos menos dinheiro trocando peças que são caras, assim como servem para manter nosso equipamento funcionando perfeitamente, sem barulhos nem desregulagens.
Bons pedais!